A senhora ficou tão assustada que tive pena dela e ainda cheguei a abrir a porta para ir ter com ela para perguntar se precisava de ajuda. Não foi preciso porque alguém - conhecido dela, pela maneira como esse alguém lhe pegou no braço - chegou primeiro e a tirou do meio da rua.
Este incidente deixou-me a pensar em duas coisas:
- Primeiro, as pessoas estão cada vez mais indiferentes às dificuldades dos outros
- Depois, e bem mais demoradamente do que o primeiro pensamento, como serei eu quando e se chegar aquela idade? Será que vou achar o mundo da altura confuso, com as coisas sempre a mudar? Será que vou lembrar-me com pesar dos tempos em que tinha genica? Será que me vou lembrar de alguma coisa?
Confesso que olho para os nossos velhinhos, tantas vezes a andar sozinhos, cabisbaixos e devagarinho, e dá-me pena. Também eles já foram da minha idade e teriam a mesma genica, se não mais, do que eu tenho agora. E o tempo não lhes perdoou e também não me vai perdoar a mim. E, confesso, às vezes tenho medo do que a idade me reserva...
2 comentários:
Vou enviar um comentário que te poderá chocar um pouco, mas como é possível que de um modo geral um "velhinho(a)" que mora na cidade há 30 anos não sabe que tem que atravessar numa passadeira e que há semáforos vermelhos e verde?
Excluo da lista de "velhinhos" os que de facto não moraram na cidade recentemente, os que têm problemas mentais, de locomoção, etc. (era incompreensível deixar a minha avó, por exemplo, no estado em que ela está, atravessar a rua sozinha)
Agora quanto aos outros,talvez compreenda quando for velhinho. Por agora não compreendo. Comigo, a desculpa "no tempo deles não havia disso" comigo não cola.
Peço desculpa por qualquer incompreensão que este comentário possa gerar, mas ando com isto na cabeça há muito tempo.
Quanto ao condutor, não sei a que velocidade ia, mas deve ter-se assustado também...
Enviar um comentário